segunda-feira, 19 de março de 2007


PEITO ABERTO

Peito aberto:
atirem-me suas pedras,
seus espinhos,
suas frustrações!
A vida é minha:
versos, reversos e borboletas.
Seixo, sexo, pão, medo, horrores, poesia...
Peito aberto:
disparem suas balas,
seus traumas,
seus princípios e seus precipícios de desamor.
Suas palavras que já não me atingem.
A vida é minha.
Pertence-me como me pertence a epiderme.
Tenho uma alma inquieta,
uma história dilacerada
e uma vontade imensa de viver,
de causar redemoinhos!
Todos os meus crimes pratiquei-os
à luz dos olhos de Deus.
De um deus febril,
que dança, que gira, que salta, que brinca.
Brincante humano,
livre daquilo que vocês chamam de religião.

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