domingo, 18 de março de 2007


DO AMOR ABSURDO


Meu amor por ti

arromba portas,

grita nos telhados,

envenena os pudorados.

Nega a igreja.

Vai além dos covis dos insensatos,

mancha as seda branca dos puritanos,

ensandece as crianças,

acende a chama dos letárgicos.

Desarma as armadilhas,

rompe os grilhões dos indefesos.

Vai além do que sou, do que domino.

Antecipa a primavera,

quebra os cristais da indelicadeza,

estoura os tímpanos dos surdos,

se inscreve nas lápides dos amantes,

lapida os vitrais da catedral de Chartres.

Meu amor por ti

sai da atmosfera,

amansa a fera,

e dorme na arena junto aos leões.

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