quarta-feira, 21 de março de 2007


PARA SEMPRE


Beijava meus lábios
Como quem beijava uma lápide fria.
E dormia sobre o meu corpo
Depois do gozo como quem morria.
Tinha um cheiro funesto,
Na boca um gosto de desespero.
Eram ásperas as suas carícias...
Era calmo e desabitado de si mesmo.
Era todos os avessos.
Dormia em todas as camas
Mas era na minha que sonhava.
Navegava por toda a cidade
Mas era na minha casa que aportava.
Era de todo mundo e só a mim juravas amor.
Desaparecia no verão
E no inverno sob os meus lençóis
Adormecia de frio.
Era um pássaro carente de ninho.
Tinha os cabelos encaracolados
E um olhar doce, perdido nas incertezas.
Ia e voltava.
Sempre voltava com toda a sujeira
Da cidade.
Um dia deixou-me um retrato 3x4
E foi-se embora...
Para sempre.

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