segunda-feira, 19 de março de 2007

OUTRO CANTO


Deixem-me cantar esse canto,
de todo sentir,
de toda pulsação.
Canto de pássaro ferido,
de amor roubado,
de entranhas dilaceradas.
Abôio íntimo,
suspiro da alma,
uivo de cão morrendo,
choro faminto de criança etíope.
Deixem!
Deixem que eu me devore em meu cantar,
em meu pesar de amor findado.
É o canto das horas tristes,
dos dias cansados,
da esperança fatigada,
da poesia dura que fica depois do amor.
Deixem que em meu canto eu me resolvo,
e me absorvo do pouco que ainda me resta,
réstia de descrença.

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