segunda-feira, 26 de março de 2007


ABRIGO DA MORTE



E a morte abrigará teu corpo.

E serás dela abrigo confortável.

Ela caberá perfeitamente

Em todos os teus cômodos.

E te fará morada sem receio,

Sendo ela a tua própria morada.

Abrigará tuas unhas,

Tua epiderme,

Dentro dos teus olhos que já não se abrem,

Entre teus dentes enrijecidos .

Em todo o teu corpo.

E a morte ficará ali, na decomposição da tua carne.

Junto ao teu esqueleto,

Junto ao teu último fio de cabelo,

Inseparadamente

No leito sepulcral onde dormirão tuas ilusões...

E a morte se fará viva em teu corpo morto.

Em tuas fotografias de homem morto.

Em tuas roupas de homem morto.

Em teus livros de homem morto.

Nas histórias de um homem morto...